sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Todo adulto gay foi uma criança gay (parte 1)

Imagem daqui

Esta semana ganhamos um presente: o link para o post que reproduzimos abaixo, do blog Minoria é a Mãe. O texto fala por si mesmo: é lindo, amoroso, sincero. Tanto, que hoje só vamos falar disso. Nossa postagem da tarde será a continuação desta aqui.

O presente maior, porém, foi ter conhecido os três autores do Minoria é a Mãe. Tão maior, que precisamos dizer uma coisa: vá lá. Agora. Esse blog precisa ser conhecido, comentado, divulgado, viralizado. Porque eles sabem que o mundo é plural, que todo mundo é diferente, que cada um é cada um, e que esse negócio de rótulos e categorias pra enquadras as pessoas é chato, é limitante e é perigoso, quando você vê a categoria antes de ver a pessoa; pior, quando a própria pessoa vê a categoria a que "pertence" antes de se ver. E que dialogar e conviver e trocar com o outro, que é necessariamente único e diferente de mim, é uma coisa boa.

Então, faz assim: lê este texto, comente se quiser (adoraríamos saber o que você achou) e vá . Ou salve o link para ir depois com calma, mas não deixe de ir.

E, às 15h, volte para ler a continuação - aqui. ;-)

Beijos.


Meu filho mais velho tem seis anos e está apaixonado pela primeira vez. Ele está apaixonado pelo Blaine de Glee.

Para quem não sabe, Blaine é um garoto… um garoto gay, namorado de um dos personagens principais, Kurt.

Não é um amor do tipo “ele acha o Blaine muito maneiro”. É do tipo de amor em que ele devaneia olhando para uma foto de Blaine por meia hora seguido por um ávido “ele é tão lindo”.

Ele adora o episódio em que os dois meninos se beijam. Meu filho chama as pessoas que estão em outros cômodos pra ter certeza de que não perderão "sua parte favorita”. Ele volta o video e assiste de novo… e obriga os outros a fazerem o mesmo, se achar que as pessoas não prestaram atenção suficiente.

Essa obsessão não preocupa a mim e a seu pai. Nós vivemos em uma vizinhança liberal, muitos de nossas amigos são gays e a ideia de ter um filho gay não é algo que nos preocupa. Nosso filho vai ser quem ele é, e amá-lo é nosso dever. Ponto final.

E também, ele tem seis anos. Crianças nessa idade ficam obcecadas com todo tipo de coisa. Isso pode não significar nada. Nós sempre brincamos que ou ele é gay ou nós temos a melhor chantagem na história da humanidade quando ele tiver 16 anos e for hétero. (Toma essa, fotos tomanho banho.)

E então, dia desses estávamos viajando para outra cidade ouvindo (é claro) o CD dos Warblers, e no meio da música Candles, meu filho, do banco de trás, fala:

“Mamãe, Kurt e Blaine são namorados.”
“São sim,” eu confirmo.
"Eles não gostam de beijar meninas. Eles só beijam meninos.”
“É verdade.”
“Mamãe, eles são iguais a mim.”
“Isso é ótimo, querido. Você sabe que eu te amo de qualquer forma?”
“Eu sei…” Eu podia ouví-lo rolando os olhos pra mim.

Quando chegamos em casa, eu contei da conversa para o pai dele, e nós simplesmente olhamos um nos olhos do outro por um momento. E então, sorrimos.

“Então se aos 16 anos ele quiser fazer o grande anúncio na mesa de jantar, poderemos dizer ‘Você disse isso pra gente quando tinha 6 anos. Passe as cenouras’ e ele ficará decepcionado por roubarmos o grande momento dramático dele’, meu marido diz rindo e me abraça.

Só o tempo dirá se meu filho é gay, mas se for, estou feliz que ele seja meu. Eu estou feliz que ele tenha nascido na nossa família. Uma família cheia de pessoas que o amarão e o aceitarão. Pessoas que jamais vão querer que ele mude. Com pais que não veem a hora de dançarem no casamento dele.

E eu tenho que admitir, Blaine seria realmente um genro fofo.

- Reproduzido via Minoria é a Mãe
Original postado em 15/08/11, aqui

13 comentários:

Alex disse...

Bem, uma criança de 6 anos se comporta como uma criança, ela é simplismente criança e fantasia muita coisa, admitir que uma criança de seis anos "saiu do armário" faz parte de uma mentalidade nova que quer sexualizar ou erotizar nossos pequenos.

Equipe Diversidade Católica disse...

No post que a gente vai publicar à tarde, a própria mãe do menino fala um pouco sobre isso, Alex. Ela (e a gente) tb acha isso, e inclusive q não dá pra afirmar que o garoto é ou não gay agora. Por outro lado, quantos pais não ficariam horrorizados e repreenderiam o filho por dizer algo assim? E quantos pais se horrorizariam se o filho tivesse o mesmíssimo comportamento vendo alguma atriz ou cantora ou uma outra celebridade feminina qualquer? Aí é "normal"... Talvez seja essa uma das boas reflexões que este texto proporciona. Mais importante do que determinar e definir a orientação sexual de um menininho de 6 anos, é criá-lo de um jeito que ele possa confiar no amor dos pais e tenha a segurança de que, o que quer que ele venha a ser - gay ou hétero, doidão ou certinho, militar ou artista plástico - ele será sempre amado pelos pais e respeitado no que ele for.

Nosso fraterno abraço pra você.

Rodolfo Viana disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rodolfo Viana disse...

Oi Alex,

não sou lá um especialista no assunto.Mas, acho que qualquer criança é sexualizada desde o que é "de meninA" e o que é "de meninO" até a própria brincadeira boba dos adultos de "kd a namorada?"

Isso sem falar no que Freud já dizia, mas não tenho know how pra comentar isso.


Rodolfo Viana

Rebeca disse...

Olá!
Gostaria de agradecer em nome do time do Minoria é a Mãe as palavras carinhosas desse post. Achamos importante divulgar esse texto, pois não se trata de um menino gay, se trata de um menino, simples assim. São as pessoas que classificam-no como gay mesmo antes dele chegar à puberdade. Acho injusto assumir que ele é gay ou hétero. O que esse post visava divulgar era que devemos ser imparciais na criação de nossos filhos, pois a repressão é muito usada como ferramenta para moldar pessoas, mas ela tem se provado inútil. O respeito que deveria ser a ferramenta, e deveria ser usado para moldarmos a nós mesmos, não aos outros.
Obrigada mais uma vez por compartilhar nosso blog.
Beijos!

Equipe Diversidade Católica disse...

É, Rebeca... "O respeito que deveria ser a ferramenta, e deveria ser usado para moldarmos a nós mesmos, não aos outros."

Disse tudo.

Beijo imenso. :-)

Alex disse...

Diversidade Católica,


Bem, qualquer pessoa que se depara com uma criança de 6 anos "apaixonada" deve se perguntar onde está o erro, pois esses sentimentos não são adequados para a idade, fica óbvio que um processo de erotização está em curso, seja pela televisão, escola, pais, amigos, contudo, uma criança erotizada sem a segurança das escolhas adultas pode ser facilmente influenciada para agir sexualmente, seja como hetero ou homossexual. Esse é o grande problema do texto, a mãe admiti a paixão hetero ou homosexual do filho sem preocupação, sem investigação e cuidado zeloso, sabendo que a criança mesmo sendo uma criança está dando passos adulto.

O texto é de uma mãe que não se preocupa realmente com seu filho.

O meu abraço

Equipe Diversidade Católica disse...

Bom, Alex... são maneiras diferentes de encarar as "paixonites" infantis. Respeitamos seu ponto de vista, mesmo sendo diferente do nosso.

Grande abraço! :-)

Rodolfo Viana disse...

De todo modo Alex...
O que seria o "certo" pra essa mãe...moldar a criança de um outro jeito como "vc nao tem idade pra essas coisas menino"? Concordo muito, muito mesmo com o ponto colocado pela Rebeca, se o ensino do respeito for a regra de ouro, talvez seja a melhor fulga para os moldes impostos, venha-os de onde for.


Grande abraço;

Daniel disse...

Percebem que "gay" é, no imaginário social, quase sempre, terceira pessoa? Me lembro dos meus 6 anos e que foi mesmo por essa idade que me descobri "gay". Hoje, adulto, vejo que o medo que senti era apenas medo do heterossexismo. Em Glee posso apreciar uma adolescência que não tive, um futuro que está reservado às novas gerações e isso me dá satisfação.

Equipe Diversidade Católica disse...

Importante observação essa sua, Daniel! Foi aliás por isso que ficamos tão impactados quando lemos a "Carta de um Padre Católico a um Jovem Gay" (aqui), que parte justamente dessa diferença entre falar para os gays na terceira pessoa, como um "outro", e falar como um "nós", um "igual a mim"...

Um abraço carinhoso!
:-)

Will disse...

Poxa, gostei demais desse relato.
E muito obrigado a vocês por divulgarem esse outro blog também. Não conhecia e curti muito.
Vou assinar o feed deles tbm e comentar por lá...

Abraços!

Equipe Diversidade Católica disse...

Q bom q vc gostou, Will! O "Minoria é a Mãe" promete... ;-)

Beijos!

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